sábado, 19 de outubro de 2013

Resenha do Filme Lixo Extraordinário


http://www.youtube.com/watch?v=FGjEk3SiXkE


Gestão Urbana 
Prof. Francisco Del Moral HernandezAutor da resenha:
 Willian Kazuhissa Kohra: 720437
Resenha do documentário “Lixo Extraordinário” (“Waste Land”, 2009 direção: Lucy Walker)

                              O documentário “Lixo Extraordinário” retrata um trabalho do artistaplástico Vik Muniz e seu envolvimento com catadores do lixão de JardimGramacho  – RJ. Vik realiza obras de arte com ajuda dos catadores, utilizandoos materiais encontrados no lixão para formar imagens incríveis dostrabalhadores locais, transformando suas vidas. Além da criatividade e belezadas obras, o documentário apresenta a realidade de pessoas que vivem emcondições críticas de pobreza e saneamento, e também no problema ambientalda disposição de resíduos sólidos.
Brasileiro e reconhecido mundialmente, o artista Vik Muniz já foi pobre eviveu em um bairro de classe média baixa em São Paulo. Conseguiu dinheiropor causa de um acidente e foi para os Estados Unidos, assim começou comtrabalhos simples e conseguiu sucesso com suas obras artísticas. É reconhecido por incorporar “ (...) objetos do cotidiano no processo fotográfico para criar imagens ousadas e geralmente enganosas .”
 Vik se interessou pelo lixão de Gramacho por ser o maior do mundo emrecebimento diário (2007), com o objetivo de mudar a vida das pessoas atravésda arte derivada de materiais do cotidiano delas. A expectativa do artista antesda visita em relação aos catadores era um tanto preconceituosa, “Devem ser as pessoas mais rudes em que possamos pensar. São viciados...É o fim da linha. Dê uma olhada na geografia da área(...) É pra onde vai tudo que não é bom. Incluindo as pessoas(...)”. Chegando ao aterro Jardim Gramacho, Vik eseu companheiro Fábio são recebidos pelo administrador do aterro. Um dadointeressante fornecido por ele era a retirada de 200 toneladas por dia demateriais recicláveis efetuadas pelos catadores, isso representa a falta decomprometimento da população e do governo quanto à coleta seletiva.
As dimensões do aterro e a quantidade de lixo são enormes. Todoresíduo em putrefação fica exposto e as pessoas dividem espaço comincontáveis urubus. A estrutura irregular na disposição de lixo é notável, a faltade procedimentos de segurança e proteção ambiental é característica de umlixão, diferente de um aterro sanitário que possui impermeabilização contracontaminações, cobertura vegetal e escapes de gás metano. Isso demonstrauma falha no gerenciamento de resíduos de uma grande cidade, que pode sercorrigida com uma boa gestão urbana. Além dessa problemática, as condiçõesde trabalho dos catadores são evidentemente desprezíveis, possuem contatodireto aos diversos resíduos gerados por 70% do Rio de Janeiro, isso incluialtos riscos de contaminação e susceptibilidade a diversos tipos de doenças.
Vik se surpreende com o bom humor dos catadores face à realidadevivida por eles a cada dia. Dois personagens se destacam são: Zumbi, vítimade um acidente no lixão; e Tião, presidente da Associação de Catadores doJardim Gramacho, ambos possuem o hábito da leitura e apresentam caráter deliderança e superação. A história de vida de cada pessoa do aterro impressionapela emoção transmitida nos depoimentos, transformando a falsa impressão deVik antes da visita. Valter, o vice-presidente da Associação salienta dosprejuízos causados pela ausência da coleta seletiva nas residências e noconsumo excedente que aumenta a quantidade de resíduos destinados aoaterro. As filmagens ultrapassam o limite do lixão, mostrando a moradia doscatadores também. Suelem, uma das mulheres escolhidas por Vik, apresentasua casa no Jardim Gramacho. Condições mínimas de saneamento básico sãoausentes nas moradias construídas de madeira, e a higiene e conforto sãoprecários. A combinação entre instalação de um aterro irregular e alto índice depessoas pobres precisando de trabalho levam ao surgimento de comunidadesadjuntas ao lixão, já que a fonte de dinheiro vem da coleta de recicláveis emGramacho. A falta de planejamento e a acelerada ocupação irregular resultamem moradias irregulares e situações miseráveis de sobrevivência.
As imagens para o trabalho artístico foram obtidas por Vik através deuma câmera fotográfica, capturando diferentes perfis dos catadores deGramacho. Em sua oficina ele observa as fotos obtidas no aterro e escolhe aspessoas que vão trabalhar em suas obras. Ao convocá-los para o início dotrabalho, Vik esclarece seu objetivo, e como as fotografias seriamtransformadas em imagens sensacionais, constituídas apenas por resíduos.Durante o período de realização das obras, Tião relata um assalto armadoocorrido na cooperativa, ocasionando uma perda de R$12.000,00. Isso reforçaa ideia da insegurança e perigo nas comunidades mais pobres, e a ausência dapolícia nesses locais.Após trabalhar durante um bom período com os personagens do aterro,os artistas notaram um impacto na mudança de rotina drástica, passando dodia-a-dia no fétido lixão para um novo trabalho relacionado à arte, despertandonovas ambições aos ex-catadores. O reconhecimento profissional de Vikgarantiu uma vaga para uma de suas obras em um leilão de Londres,aumentando as expectativas no bom retorno financeiro e, consequentementesocial, proporcionado pelo tempo dedicado no jardim Gramacho. A decisão delevar uma pessoa simples e humilde para outro ambiente completamentediferente e encantador como Londres, causou questionamento em certomomento do documentário. A mudança drástica de ambiente e os sonhosalmejados pelos personagens de Gramacho poderiam causar constrangimentofuturo a essas pessoas? O artista de maneira otimista tentou visualizar ospontos positivos gerados pela sua interferência na vida deles, ocasionados poruma oportunidade raríssima de aprendizado independentemente da frustaçãofutura que isso pode gerar.O quadro com a imagem de Tião composta apenas por resíduos éfinalmente exposta em uma galeria em Londres, é seu primeiro contato comarte moderna, proporcionando-lhe novos conhecimentos a respeito do assunto.
A obra “Marat, Sebastião: Retratos do Lixo” é arrematada por 28 mil libras,equivalente a R$ 100.00 na época, causando elevada exaltação e emoção aTião e seus companheiros de trabalho. Em seguida todos os envolvidos nasobras são convidados a uma exposição de Vik Muniz, no Museu de ArteModerna do Rio de Janeiro. A desigualdade social é evidente nessas cenas,onde pessoas que nunca tiveram acesso a museus de arte se tornam autoresde obras apreciadas por outras classes sociais. Ao final do documentário, oautor principal visita seus colaboradores, presenteando-os com seus quadros.As reproduçõ
es de “Retratos do Lixo” realizadas por Vik Muniz renderam mais de 250 mil dólares. Como retorno para a Associação dos Catadores do Jardim Gramacho, foi comprado um caminhão, inaugurado um centro deensino e uma biblioteca com 15 computadores. Todos os catadores envolvidosna exposição mudaram suas vidas, alguns melhoraram suas condições, outrosapenas abandonaram o lixão, mas todos foram influenciados de uma forma oude outra por uma experiência única. Além do benefício financeiro, nota-se oaprendizado não somente dos catadores, mas também de Vik. Após aconvivência com todas essas pessoas, o artista certamente agregou novosvalores a respeito da comunidade do jardim Gramacho.O tema principal abordado pelo documentário foi a relação da arte com avida de pessoas humildes, focando na dificuldade e nas condições de vidatocante do cotidiano delas. Além do enfoque chocante na vida dos catadores,que não deixa de ser importante na sensibilização do telespectador, odocumentário deixa de apresentar realidades em relação ao prejuízo causadoao meio ambiente e na possível solução de problemas de saneamento e saúde das pessoas. A temática “lixo” vai muito além da coleta seletiva e da educação ambiental. Um planejamento urbano é essencial para estruturação dosaneamento básico principalmente em uma cidade em processo deurbanização. A coleta, transporte e disposição adequada de resíduos sólidossão totalmente contrárias ao apresentado no filme, começando pelo acessodireto de pessoas ao maciço de resíduos. Esses detalhes poderiam ser muitomais enfatizados com o objetivo de pressionar as autoridades e conseguirmudanças positivas em Gramacho. Apesar disso, a abordagem geral odocumentário gera resultados positivos na temática socioambiental, traz oassunto da geração excessiva de resíduos e a reciclagem, e também reflete adesigualdade social e condições absurdas de vida causadas pela urbanização.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Manejo de Ecossistemas

Manejo de Ecossistemas


Millenium Ecosystem Assessment ReportEcossistemas promovem o bem-estar humano através do fornecimento dos mais variados serviços. A gestão ecossistêmica é uma abordagem para o gerenciamento de recursos naturais enfocada na capacidade dos ecossistemas de suprir as demandas ecológicas e futuras necessidades humanas. 

A gestão ecossistêmica se adapta a necessidades emergentes, a novas informações e promovem o bem estar humano através dos serviços oferecidos.  Fomenta uma visão compartilhada de um futuro desejável da integração de perspectivas sociais, ambientais e econômicas ao manejo de sistemas ecológicos naturais  definidos geograficamente.

Selecionada como uma das seis áreas prioritárias da   estratégia do PNUMA para o período 2010-2013,  a gestão   ecossistêmica requer o desenvolvimento de metodologias,   mecanismos e instrumentos que o PNUMA vem   aperfeiçoando  e colocando à disposição dos países a sua   experiência em:

  • maior integração de abordagens ecológicas nos   processos de planejamento e desenvolvimento;

  • reforço de capacidades e apoio tecnológico para o uso de ferramentas de manejo do ecossistema (conservação, proteção, restauração, gestão sustentável, legislação, certificação);

  • Realinhamento dos programas ambientais e financiamento de medidas de proteção contra a degradação de serviços prioritários do ecossistema;  

  • Avaliação e monitoria  (ex. Indicadores, pesquisa etc);

  • Avaliação de riscos;

  • Definição de metodologias para o pagamentos por serviços ecossistêmicos, mecanismos de incentivos e financiamento;

  • Governabilidade entre gestores públicos, privados e atores sociais relevantes.

Tendo em vista que os serviços ecossistêmicos são interligados (ver figura abaixo) e não podem ser considerados isoladamente, o PNUMA promove uma perspectiva holística para lidar com aspectos como regulamentação, abastecimento, apoio e hábitos culturais, visando reverter o declínio de recursos através de uma maior resiliência e melhor funcionamento dos ecossistemas.

Seleção dos principais elementos  dos serviços de ecossistemas:


Serviços de Ecossistemas

Fig. 1. Representação esquemática dos serviços de ecossistemas selecionados pelo PNUMA, como categorizados nas Avaliações Ecossistêmicas do Milênio (controle, abastecimento, suporte e cultural). 

Clique aqui para saber mais sobre o trabalho do PNUMA em Manejo de Ecossistemas. 


IPECO - OFERECE: CURSO DE CAPACITAÇÃO: PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE ATIVIDADE INDUSTRIAL E AGRÍCOLA

CURSO DE CAPACITAÇÃO: PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE ATIVIDADE INDUSTRIAL E AGRÍCOLA - VÁRZEA GRANDE/MT - TURMA SETEMBRO/2013
Data: 06/09/2013
Valor: R$ 400,00


Curso de Capacitação: Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Atividade Industrial e Agrícola

06 á 08 de Setembro de 2013
Várzea Grande / Mato Grosso / Brasil

Curso introdutório para estudantes e profissionais interessados em conhecer ferramentas, abordagens e estratégias direcionadas a enfrentar os atuais desafios do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Atividade Industrial e Agrícola.

Objetivo:

Este curso é de suma importância, uma vez que há necessidade de capacitação de técnicos para conhecimento na área de resíduos e elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos – PGRS.

Plano que é parte integrante do processo de licenciamento ambiental e base para a liberação de licenças ambientais.

Nessa perspectiva, os planos deverão ser bases nas concepções, conceituações e outros impostos pela nova legislação pertinente.

O curso se propõe a apresentar ao aluno os tipos de resíduos sólidos, assim como, sua classificação e técnicas de tratamento e/ou disposição final para os gerados nos vários setores das atividades industriais e agrícolas licenciadas.

Capacitação de técnicos e Engenheiros para conhecimento na área de resíduos e elaboração do PGRS.

Local de realização do curso:
Auditório do Hotel Mangabeiras "ARAÇÁ"
Endereço: Avenida da Feb, 1.275 - Manga, Várzea Grande, Mato Grosso.

Data do curso:
02 á 04 de Setembro de 2013

Horário do curso:
Das 08:00 h ás 12:00 h e das 14:00 h ás 18:00 h

Público-alvo:
Profissionais de nível superior, acadêmicos de graduação, pós-graduação e nível técnico atuantes na área de meio ambiente ou interessado/trabalhadores do setor público ou privado em atuar na área de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Atividade Industrial e Agrícola.

Carga horária:
30 horas/aulas (Certificado)

Conteúdo programático:

1 – Plano de Gerenciamento de Resíduos Industriais
PNRS – Lei 12305/2010;
Legislação ambiental específica sobre resíduos industriais;
Definição e classificação de resíduos sólidos industriais;
As principais fontes de resíduos sólidos industriais: identificação;
Etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos industriais;
O gerenciamento dos resíduos industriais: importância e concepções;
Análise crítica quanto aos diversos tipos de resíduos: contribuições e inferências;
Localização para instalação de centrais de armazenamento de resíduos em relação às leis ambientais;
Sistemas de mitigação na geração de resíduos sólidos;
Localização de equipamentos possíveis de aproveitamento do resíduo;
Relação custo X benefício no gerenciamento do resíduo sólido;
Processo de gerenciamento de resíduos sólidos desde sua geração até a destinação final;
Conteúdo do Plano de gerenciamento de resíduos sólidos industriais;
Análise das tecnologias de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos.

2 – Plano de Gerenciamento de Resíduos Agrícolas
Legislação ambiental específica sobre resíduos agrícolas;
Definição e classificação de resíduos sólidos agrícolas;
As principais fontes de resíduos sólidos agrícolas: identificação;
Etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos agrícolas;
O gerenciamento dos resíduos agrícolas: importância e concepção;
Monitoramento das etapas do gerenciamento dos resíduos industriais e agrícolas.

Metodologia:
O curso será presencial com aula expositiva e uma aula de campo, visita técnica, com vista técnica para vermos em campo trabalhos realizados na área.

Coordenador de Cursos de Capacitação:
Biólogo, Diretor/Presidente do Instituto IPECO - Professor Esp.Renato Dias de Moraes.  

Ministrante:
Engenheira Sanitarista – Professora Esp. Helen Farias Ferreira, SEMA (Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso) Gerente de Resíduos Sólidos Industriais e Agrícolas.

Currículo Plataforma Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?
id=K4778229E0

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Licença de resíduos perigosos é emitida por órgão federal

Licença de resíduos perigosos será emitida por órgão federal

Da Reportagem

Desde maio deste ano a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) deixou de emitir a Autorização de Transporte Interestadual de Resíduos Perigosos. A partir dessa data, o documento passou a ser emitido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A Instrução Normativa do Ibama (I.N.) nº 05/2012, de 09 de maio, publicada no Diário Oficial da União no dia 10 de maio, dispõe sobre o procedimento transitório de autorização ambiental para o exercício da atividade.

A gerente de Resíduos Urbanos e Hospitalares, da Coordenadoria de Gestão de Resíduos Sólidos da Sema, Helen Farias Ferreira explicou que podem solicitar o documento, pessoas jurídicas e físicas que preencham os requisitos para emissão do Certificado de Regularidade Ambiental, de acordo com as regras estabelecidas do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.

A I.N. 05/2012 estabelece em seu art 5º, que todas as empresas que realizem o transporte desses produtos são obrigadas a possuir a cópia da Autorização Ambiental, ou seja, a empresa transportadora, seja ela matriz ou filial, para cada veículo ou composição veicular utilizado no transporte.

De acordo com Helen Farias, a classificação dos Resíduos para preenchimento da Autorização é regulamentada pela Resolução nº 420, de 12 de fevereiro de 2004, da Agencia Nacional de Transportes Terrestres. Segundo essa Resolução, resíduos para efeito de transporte, são substancias, soluções, misturas ou artigos que contém ou estejam contaminados por um ou mais produtos para os quais não seja prevista utilização direta, e que estejam sendo transportados para fins de despejo, incineração, ou qualquer outro processo de disposição final.

“A Sema não é mais o órgão responsável pelo controle de Resíduos Transportados entre estados porém, os resíduos movimentados somente dentro do território mato-grossense estão sujeitos a regulamentação específica por este órgão”, alertou.

Helen Farias esclareceu ainda que a Autorização não exclui as empresas do licenciamento ambiental exigido por lei. “Esse documento apenas autoriza a movimentação de resíduos perigosos entre os estados”.

Tanto a Instrução Normativa do Ibama como o Ofício Circular n° 038/2012/CGRS/SUIMIS/SEMA-MT, estão disponíveis no portal da secretaria, no endereço eletrônico:

http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1803:autorizacao-de-transporte-de-residuos&catid=427:residuos-solidos-autorizacoescadastro&Itemid=509.

Outras informações podem ser obtidas na Coordenadoria de Gestão de Resíduos Sólidos (CGRS) da Superintendência de Infra-Estrutura, Mineração, Indústria e Serviços (Suimis), da Sema, pelo telefone (65) 3613-7302 ou pelo e-mail, cgrs@sema.mt.gov.br. (Maria Barbant/Sema-MT)


http://diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=418666

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O que se espera de um Papa com esse nome?

O que se espera de um Papa com esse nome?
 qui, 14/03/13
por: Andre Trigueiro

 Ao homenagear Francisco de Assis na escolha do nome que o acompanhará ao longo do pontificado que se inicia, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco, poderia se inspirar no poverello de Assis para promover algumas inovações na forma como a Igreja administra seu patrimônio e seu imenso rebanho. Respeitosamente, compartilharei aqui algumas sugestões sem a pretensão de que elas cheguem ao Vaticano – imerso em inúmeros problemas e desafios mais urgentes – mas a todos aqueles que compreendem a imensa responsabilidade que é tornar-se o primeiro Papa da história a chamar-se Francisco. 1 – Francisco de Assis veio ao mundo há oito séculos para constranger a opulência e poder político de uma igreja que se afastara dos princípios mais elementares do evangelho de Jesus. Como líder espiritual e chefe de estado, o Papa Francisco poderia dar o exemplo de austeridade sem precedentes na forma como a Igreja realiza suas compras, planeja suas obras físicas, organiza eventos e cerimônias, define logísticas de viagem e hospedagem, enfim, tudo o que represente consumo e posse de bens. Usar com parcimônia e moderação. Combater excessos de toda ordem. Ser simples por convicção e princípios éticos. 2 – Francisco de Assis é conhecido como o protetor dos animais, a quem sempre consagrou respeito e veneração. No mundo moderno, animais das mais variadas espécies ainda sofrem toda sorte de violência. Alguns são supliciados por diversão. Outros são alvos da crueldade obstinada de seus donos. As leis de proteção dos animais – presentes em vários países – não conseguem erradicar as muitas atrocidades cometidas contra os bichos. Os que são consumidos como alimentos foram reduzidos à categoria de “proteína animal”, o que credenciaria seus proprietários a tratá-los como se não houvesse ali um ser senciente, capaz de sentir dor. Papa Francisco tem a preciosa chance de denunciar tudo isso e defender protocolos éticos de criação, transporte e abate de animais, bem como a proteção das espécies silvestres. 3 – Francisco de Assis também é conhecido como o padroeiro da ecologia. No “cântico das criaturas”, eternizou a sacralização da natureza em suas múltiplas formas e expressões. O Papa Francisco tem a chance de reeditar o “cântico das criaturas” – versão século XXI – de forma ainda mais contundente em defesa da vida. Pode exercer sua enorme influência em favor dos recursos naturais não renováveis e dos ecossistemas ameaçados de extinção. Sem meio ambiente sadio e protegido não há “vida em abundância”, parafraseando o Cristo. Sem vida, a religião não faz o menor sentido. 4 – A abnegação em favor dos pobres – que o levou inclusive a renunciar a todos os bens e viver como eles – fez de Francisco de Assis um legítimo representante da caridade, do amor ao próximo e da abnegação de si mesmo em favor dos valores espirituais. Hoje sabe-se que as principais vítimas das mudanças climáticas, da escassez de água doce e limpa, da destruição da biodiversidade e de todas as manifestações de desequilíbrio ecológico em diferentes pontos do planeta são justamente os mais pobres. O Papa Francisco tem, portanto, a oportunidade de conjugar em um mesmo movimento apostólico as lutas em favor da inclusão social e do meio ambiente. São ações que se complementam e se misturam. Uma mesma causa. 5 – Que ninguém se iluda com o fato de o Papa Francisco ser o chefe de estado de um país que ocupa uma área de apenas meio quilômetro quadrado com aproximadamente novecentos moradores. Ele é o líder espiritual de 1,2 bilhão de pessoas. O que disser, o que fizer, o que escrever, seus gestos, suas companhias, hábitos e comportamentos, risos e reprovações terão repercussão imediata mundo afora. Usar isso em favor dos valores franciscanos – humildade, simplicidade, fraternidade, abnegação em favor dos pobres, etc – fará toda a diferença. 6 – O Papa Francisco terá vez, voz e voto nos encontros multilaterais da ONU que discutem os rumos do planeta. O novo Papa pode tornar o Vaticano ainda mais ativo e presente nesses debates, qualificando seus negociadores e mobilizando católicos do mundo inteiro a acompanhar os rumos desses acordos (sobre clima, biodiversidade, água, desertificação,etc) e pressionarem pelo sucesso deles. 7 – Mesmo nas miudezas do dia-a-dia em seu novo endereço, o Papa Francisco poderá promover ajustes em favor da ecoeficiência. Consumo inteligente de água e energia, segregação de resíduos, compras públicas sustentáveis, frota de veículos mais econômica (quem sabe uma versão elétrica do papamóvel?) são medidas que podem ser otimizadas no Vaticano e estimuladas pelas paróquias do mundo inteiro. Quem sabe o novo papa interfira desde já nos protocolos do próximo conclave, e substitua por decreto o ritual de carbonização das cédulas (que sinaliza os rumos das votações pela cor das fumaças) por algum outro método que não polua ainda mais os céus de Roma? Seja qual for o rumo que o Papa Francisco decidir tomar, terá pela frente, pelo resto de seus dias (ou de seu pontificado, posto que há o precedente da renúncia) um nome forte, emblemático, pleno de significado que marcará seus passos como o sucessor de Pedro. A simplicidade como guia, a pobreza como referência, a natureza como objeto de veneração e respeito. Que o Papa seja sempre Francisco.

Andre Trigueiro
http://g1.globo.com/platb/mundo-sustentavel/2013/03/14/o-que-se-espera-de-um-papa-com-esse-nome/